quarta-feira, 20 de novembro de 2013
terça-feira, 12 de novembro de 2013
Faleceu hoje o Cardeal Domenico Bartolucci
Cardeal Domenico Bartolucci celebrando missa prelatícia em Roma, em 8 de dezembro de 2010, por ocasião da festa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. |
Oferecemos um trecho da tradução portuguesa de uma entrevista de Monsenhor Domenico Bartolucci, de 92 anos, nomeado por Pio XII maestro “ad vitam” da Capela Sixtina, mas afastado do cargo em 1997 devido a uma intervenção de Mons. Piero Marini. A entrevista se trata de uma iniciativa do Abbé Stefano Carusi, do site Disputationes Theologicae, do Instituto do Bom Pastor.
Maestro, a recente publicação
do Motu Proprio “Summorum Pontificum” trouxe um sopro de ar fresco no
desolador panorama litúrgico que nos rodeia; também o senhor pode agora,
portanto, celebrar a “Missa de sempre”.
Mas, para dizer a verdade, eu sempre a
celebrei ininterruptamente, desde a minha ordenação… Por outro lado,
teria dificuldade em celebrar a Missa no rito moderno, uma vez que nunca
o fiz.
Nunca abolida, então?
São as palavras do Santo Padre, ainda que
alguns finjam não entendê-las e mesmo que muitos no passado tenham
sustentado o contrário.
Maestro, será necessário conceder aos difamadores da Missa antiga que ela não é “participada”…
Não digamos disparates! Conheci a
participação dos tempos antigos tanto em Roma, na Basílica, como no
mundo, como aqui abaixo no Mugello, nesta paróquia deste belo povo, um
templo povoado de gente cheia de fé e piedade. O domingo, nas vésperas, o
sacerdote poderia se limitar a entoar o “Deus in adiutorium meum
intende” e logo pôr-se a dormir sobre o assento… os camponeses
continuariam sozinhos e os chefes de família teriam pensado em entoar as
antífonas.
Uma polêmica velada, Maestro, a respeito do atual estilo litúrgico?
Não sei se – ai de mim! – já estiveram
num funeral: “aleluia”, aplausos, frases risonhas, alguém se pergunta
se essa gente leu alguma vez o Evangelho; Nosso Senhor mesmo chorou
sobre Lázaro e sua morte. Aqui, com este sentimentalismo insosso, não se
respeita nem sequer a dor de uma mãe. Eu lhes havia mostrado como o
povo assistia a uma Missa de defuntos, com que compunção e devoção se
entoava aquele magnífico e tremendo “Dies Irae”.
A reforma não foi feita por gente consciente e doutrinariamente formada?
Desculpe-me, mas a reforma foi feita por
gente árida, lhes repito, árida. E eu os conheci. Quanto à doutrina, o
Cardeal Ferdinando Antonelli, de venerável memória, costumava dizer com
freqüência: “como fazemos liturgistas que não conhecem a teologia?”
Estamos de acordo com o senhor, Monsenhor, mas é certo também que o povo não entendia…
Caríssimos amigos, leram alguma vez São
Paulo: “não importa saber mais do que o necessário”, “é necessário amar o
conhecimento ‘ad sobrietatem’”? Daqui a alguns anos se tentará entender
a transubstanciação como se explica um teorema de matemática. Mas se
nem sequer o sacerdote pode compreender até o fundo tal mistério!
Mas como se chegou, então, a esta distorção da liturgia?
Foi uma moda, todos falavam, todos
“renovavam”, todos pontificavam, na esteira do sentimentalismo, de
reformas. E as vozes que se levantavam em defesa da Tradição bimilenar
da Igreja eram habilmente caladas. Inventou-se uma espécie de “liturgia
do povo”… quando escutava estas frases me vinham à mente as palavras de
meu professor do seminário que dizia: “a liturgia é do clero para o
povo”, ela descende de Deus e não de baixo. Devo reconhecer, contudo,
que aquele ar fétido se fez menos denso. As gerações de sacerdotes
jovens são, talvez, melhores que as que as precederam, não têm os
furores ideológicos dominados por um modernismo iconoclasta, estão
cheios de bons sentimentos, mas lhes falta formação.
O que quer dizer, Maestro, com “lhes falta formação”?
Quero dizer que queremos os seminários!
Falo daquelas estruturas que a sabedoria da Igreja elegantemente
cinzelou durante os séculos. Não se dá conta da importância do
seminário: uma liturgia vivida, os momentos do ano são vividos
“socialmente” com os irmãos… o Advento, a Quaresma, as grandes festas
que seguem a Páscoa. Tudo isso educa, e não se imagina quanto! Uma
retórica tonta deu a imagem de que o seminário arruína o sacerdote, de
que os seminaristas, afastados do mundo, permanecem fechados em si
mesmos e distantes do povo. Todas fantasias para dissipar uma riqueza
formativa plurissecular e para substituí-la depois com nada.
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Sermão do XXV Domingo depois de Pentecostes - Pe. René Trincado
Semelhante
é o reino dos céus a um homem que semeou boa semente no campo. E enquanto
dormiam os homens, veio seu inimigo e semeou joio no meio do trigo e se foi. Disse S.
João Crisóstomo que com esta parábola, N. Senhor se refere à verdade adúltera,
porque é próprio do demônio misturar o erro com a verdade. Se vale o diabo de
um engano –continua o santo- confundindo sua própria semente e revestindo suas
obras com cores e semelhanças que surpreendem ao que se deixa enganar com
facilidade. Por isso disse que semeia joio, que é muito parecido com a planta
de trigo de boa semente do semeador. O joio é semeado depois do trigo. De igual
modo, o erro –segue dizendo o santo- vem depois da verdade, coisa demonstrada
pela experiência: depois dos profetas vieram os falsos profetas; depois dos
Apóstolos os falsos apóstolos; e depois de Cristo virá o Anticristo. Nós ainda
afirmamos que depois dos concílios católicos, veio o Vaticano II, anticatólico
enquanto liberal e diabólico. De fato, essa foi a pior emboscada, o maior
embuste, a maior e mais desastrosa semeadura de joio de toda a história da
Igreja. E também dizemos isto: que depois desse Bispo resoluto, combatente e de
palavras varonis, claras e inequívocas em defesa da Fé, depois de Mons.
Lefebvre veio Mons. Fellay a semear o joio entre nós com seu intento de
submeter-nos aos modernistas romanos e com suas atitudes erráticas e suas
palavras ambíguas.
E enquanto dormiam os homens, veio seu inimigo e semeou joio no meio do
trigo e se foi. Enquanto
dormiam os homens: porque – disse S. Agostinho- quando os chefes da Igreja
agem com negligência... vem o diabo e semeia. É precisamente o que passa na
FSSPX: dorme o Superior Geral e sonha com primaveras iminentes e concórdias com
os inimigos, enquanto tenta que durmam os sacerdotes e aos fiéis a fim de que
não reajam contra a cabeça semeadora de joio e infeccionada de liberalismo.
E chegando os servos disseram: Senhor, não semeaste boa semente em teu
campo? Pois de onde vem o joio? E lhes disse: o homem inimigo fez isto. O “homem
inimigo” é o demônio e os que fazem as obras do diabo. Pois bem: a arma de que
se valeu o demônio inimigo para dar o golpe feroz do Vaticano II é a
ambigüidade. O Vaticano II é uma obra mestra de ambigüidade, de palavras
confusas, de expressões equivocas. Não obstante, o atual Superior Geral da
Fraternidade, o líder nominal dos anti-liberais, também faz uso habitual da
ambigüidade.
Ambíguo é o que pode entender-se de vários modos ou admitir
distintas interpretações, como quando Mons. Fellay fala, em sua Declaração
Doutrinal de abril do ano passado, dos “Sacramentos
legitimamente promulgados pelos papas Paulo VI e João Paulo II”. O veneno,
o joio, está na frase “legitimamente
promulgados”, porque esta pode entender-se de modos diversos e opostos. Os
tradicionalistas devem entender que o Superior Geral afirma que esses
Sacramentos foram promulgados de modo regular, isto é, com sujeição às
formalidades legais correspondentes. Neste sentido uma lei de aborto pode estar
legitimamente promulgada, ainda que em si seja ilegítima por injusta e
criminal. Os modernistas, de sua parte, devem entender que o Superior Geral
considera legítimos em si esses Sacramentos. Pois bem: este modo de falar não é
católico senão é diabólico, por vir de quem se supõe que encabece a luta em
defesa da Verdade católica na pior crise de fé da história. O véu da escuridão
com que as expressões ambíguas cobrem a verdade, se opõe à claridade de Quem
disse “Eu sou a Verdade”, “Eu sou a Luz” e “vós sois a luz do mundo”. Disse o Pe. Sardá y Salvany em sua obra “O
Liberalismo é Pecado” que a linguagem confusa na boca dos Pastores “é escândalo... é induzir ao próximo ao erro
com palavras ambíguas... é... semear dúvidas, desconfianças, fazer vacilar na
fé às inteligências sensíveis”... “É
preciso antes de tudo... evitar o equívoco, que é o que mais favorece ao erro”.
“É grande professor o diabo nas artes e
enganos, e o melhor de sua diplomacia se exerce em introduzir nas idéias a
confusão. A metade de seu poder sobre os homens perderia o maldito se as
idéias, boas ou más, aparecessem francas e contrastantes... O diabo, pois, em
tempos de cisma e heresias, o primeiro que procurou foi que se embaralhassem e
mudassem os vocábulos; meio seguro para fazer desde cedo tontas... a maior
parte das inteligências” (idem).
Se poderiam dar muitos outros exemplos de palavras ambíguas
por parte de Mons. Fellay. Sua constante semeia de joio causou grave
inquietude, desconfiança, confusão e divisão entre os Sacerdotes e fiéis da
FSSPX. Sem necessidade de nenhum acordo com Roma, o joio constantemente semeado
pelo Superior Geral é um veneno que está matando lenta mas inexorávelmente à
congregação. Em sua carta de 7 de abril de 2012 a Mons. Fellay, os outros três
Bispos afirmam que se vê na Fraternidade uma diminuição na confissão da Fé. Contudo,
o responsável pelo colapso da congregação teve o atrevimento de desculpar-se
culpando aos que se opuseram à sua traição, disse que estes são os semeadores
de joio. Em uma entrevista sobre o Capítulo Geral, em 16 de julho de 2012, teve
o descaro de dizer o seguinte: “nos separamos
claramente de todos os que quiseram aproveitar a situação para semear joio,
opondo uns membros da Fraternidade com outros. Este espírito não é de Deus”.
Suas mesmas palavras o condenam. E em um sermão de 11 de Novembro do ano
passado, disse: “Vimos até em nossa
querida Fraternidade, uma confusão, uma má erva, um joio, uma turbação.”
Mas, na carta que 37 Sacerdotes do Distrito da França lhe dirigiram em
fevereiro passado lemos: “Pode dizer, em
consciência que tu e seus assistentes assumiram suas responsabilidades? Depois
de tantas declarações contraditórias e nefastas, como pretendem que podem
governar ainda? Quem é que prejudica à autoridade do Superior Geral, senão tu
mesmo e seus Assistentes? Como pretende falar-nos de justiça depois de lhe
lesionar? Quê verdade pode sair da boca do mentiroso? (Ecl. XXXIV, 4). Quem
semeou joio? Quem foi subversivo usando a mentira? Quem escandalizou os
sacerdotes e fiéis? Quem mutilou a Fraternidade diminuindo sua força episcopal?
Quê é a caridade sem a honra e a justiça?
Estimados fiéis: o que nos une é a defesa da Verdade. Nos chamamos
e somos a Resistência Católica porque combatemos contra todo inimigo da
Verdade, da Verdade que é atacada não só por meio da mentira, senão também e
mais eficazmente mediante a ambigüidade. A ambigüidade é a manifestação pública
da fé católica em tempos de apostasia geral, como são os nossos, é uma traição
gravíssima a Cristo, um pecado extremamente abominável. Se amamos realmente a
Verdade, devemos rejeitar aos semeadores de joio, aos maus pastores que com
palavras confusas fazem a obra do demônio, adulterando a Verdade.
Tradução: Grupo Dom Bosco