Assoc. Fronteira Católica: Sermão na Festa de Cristo Rei - Pe. René Trincado

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Sermão na Festa de Cristo Rei - Pe. René Trincado


Esta festa pode parecer um anacronismo sem sentido, porque é verdade que Cristo é Rei, mas também é verdade que Cristo foi destronado. Nosso Senhor deve reinar sobre almas, famílias, Estados, mas os homens lhe disseram não queremos que Este reine sobre nós, como os maus súditos da parábola das minas. Os liberais destronaram a Cristo.

O Papa Leão XIII disse: é incalculável o número de almas que se condenam à causa das condições que os princípios do Direito liberal impõem aos povos. Estas palavras foram ditas em fins do século XIX. O que pensar do século XX? E nem falemos de nosso século.

Esta festa foi instituída por Pio XI em 1925, em plena luta entre a Igreja e a maçonaria, essa maldita besta promotora do liberalismo. E o satânico liberalismo triunfou com o Concílio Vaticano II, nele foi que a hierarquia se rendeu aos falsos princípios liberais, os fez seus, e os ensina desde então em Nome de Cristo. Os pastores se convertem em lobos: a Hierarquia liberal da Igreja ensina a mentira em Nome da Verdade que é N. S. Jesus Cristo. Os Papas, desde João XIII adiante, os Bispos e os Padres, se fazem envenenadores das almas.

Algumas dessas mentiras maçônicas-diabólicas, alguns desses falsos princípios são: a separação de Igreja-Estado, a liberdade religiosa, o democratismo, e a soberania popular, a doutrina dos chamados “direitos humanos”. Todas estas falsas doutrinas nasceram no segredo das obscuras lojas e agora são difundidas não só desde as tribunas dos políticos, senão também desde todos os púlpitos e desde a mesma Sé de Pedro.

Por isso, ante a evidência da vitória do liberalismo sobre os direitos reais de Cristo, podemos perguntarmos se vale à pena seguir falando da realeza social de N. S. Jesus Cristo. A resposta, junto com a explicação da atual derrota, podem ser encontradas nas Sagradas Escrituras, especialmente no Salmo II:

Por quê se amotinam os povos – diz o salmo- e as nações tramam planos vãos? Isto se cumpre hoje ao pé da terra e mais claramente que nunca. O instigador desta rebelião é o diabo, de quem disse o Espírito Santo a Jeremias: desde os séculos quebraste meu jugo, rompeste minha cadeia e disseste: não te servirei. Non serviam. Não te servirei, senão que serei livre. Esta idéia diabólica de liberdade como independência de Deus é a essência do liberalismo. Disse Santo Tomás de Aquino que o diabo tenta desde o princípio apartar o homem da obediência a Deus, baixo o pretexto de liberdade (Suma Teológica III c. 8 a. 7), mas não é senão até o século XIX que o demônio logra inspirar à humanidade um sistema de pensamento que exalta a liberdade até o grau de colocá-la no lugar de Deus. Esse é o liberalismo: a idolatria da deusa liberdade. Se amotinam os povos: vivemos em um motim permanente, em “estado de revolução”. A Revolução Francesa, a violenta demolição da antiga ordem cristã e sua substituição pela ordem – ou, melhor dizendo, desordem- liberal, começou em 1789, mas não terminou. O Card. Ratzinger disse, em certa ocasião, que o concílio Vaticano II “foi um 1789 na Igreja”.

Segue o salmo dizendo: Erguem-se os reis da terra e os príncipes se confabulam unidos contra Deus e contra Seu Ungido, isto é, contra Cristo, pois Cristo significa ungido. Todos os poderosos do mundo, liberais de esquerdas e de direitas; os Caifás, os Herodes, e os Pilatos de todos os tempos e do presente: sobre suas diferenças, os unem a comum oposição a Cristo: todos são liberais.

Seguinte versículo: Quebremos seu jugo, disseram eles, e afastemos para longe de nós as suas cadeias! Fora correntes, fora jugos! Liberdade! Liberdade! Grito de guerra este que lhes ensina seu pai, o demônio. Os sediciosos ou revolucionários, os sodomitas e, em geral, os grandes criminosos, são chamados “filhos do diabo” na Bíblia. Quebremos seu jugo: os vínculos da Fé e da Caridade. Afastemos de nós suas cadeias: a moral verdadeira, os deveres do Cristianismo e a mesma Cruz de Cristo (“porque meu jugo é suave e meu fardo leve”). Sem dúvida, estes jugos e cadeias são o que nos une a Deus e salva nossas almas.

Aquele, porém, que mora nos céus, se ri, o Senhor os reduz ao ridículo. A seu tempo lhes falará em sua Ira, continua o salmo. Devemos ter ânimo, porque ainda que reconhecemos a derrota atual e passageira dos direitos soberanos de Cristo, também temos certeza absoluta – causa da Fé Divina- na vitória final de Cristo sobre todos os seus inimigos.

Termina o salmo dizendo: Bem-aventurados todos os que se refugiam nEle. Estas palavras assinalam qual deve ser nossa atitude: nenhuma dúvida dos direitos que Cristo tem como Rei de tudo e todos; nenhum negócio ou acordo traidor com o inimigo: o demônio e seu liberalismo, senão resistir contra tudo e contra todos refugiando-nos na Fé verdadeira e nas verdades de sempre, mantendo-nos firmes e intransigentes em nosso posto de combate nesta guerra, ainda que o território esteja arrasado e ocupado pelo inimigo; para o qual, ante tudo, devemos procurar que Cristo reine ali onde é possível fazermos que Reine e não seja destronado jamais: em nossas almas. Submetemo-nos totalmente a Deus, obedecer sempre a sua vontade: isso é ser anti-liberal convencido e militante; católico cabal, resoluto e combatente. Se não fazemos isto, há uma mentira em nós, uma certa hipocrisia, e terminaremos mais ou menos liberais.

E para que Cristo reine em nossas almas, estimados fiéis, devemos recorrer a três meios principais: cumprir seus mandamentos, freqüentar os sacramentos e rezar, e em particular rezar o Santo Rosário, porque Nossa Senhora prometeu em Fátima: por fim, meu Imaculado Coração triunfará. E quando triunfar o Coração de Nossa Mãe, triunfará o Coração Sacratíssimo do Rei nosso e de todos e de tudo, o Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Tradução: Grupo Dom Bosco

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