Assoc. Fronteira Católica: 2013

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Sermão de Natal - Pe. René Trincado


Hoje nasceu o criador do mundo. Hoje o Verbo de Deus apareceu revestido de carne e ele que não era visível para os olhos humanos começou a deixar-se tocar por nossas mãos (São Leão Magno). Hoje os pastores ouviram as vozes do exército celestial, que cantava: Gloria a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade (Lc II, 4).

Paz aos homens: Qual paz cantavam os anjos? A paz que foi obra de Jesus Cristo, porque Ele nos reconciliou com Deus, perdoando nossos pecados (São Cirilo). Mas, “não vim trazer a paz à terra”, disse N. Senhor (Lc XII, 51). A paz que anunciavam os anjos não é para todos, senão somente para “os homens de boa vontade”, para os que recebem bem o nascimento do Senhor, para os justos; para estes homens pedem os anjos a paz (São Beda e Santo Agostinho). Os outros buscam a paz puramente exterior, que serve muitas vezes para o mal e não aproveita de nada aos que a tem (São João Crisóstomo). Os que não são de Cristo porque pertencem ao diabo se concede a paz a fim de gozar do mundo sem moléstias (Santo Agostinho). Os anjos cantam a verdadeira paz, a paz de Cristo, que, como disse Santo Agostinho, é serenidade da mente, tranqüilidade de animo, simplicidade de coração, vinculo de amor e consórcio de caridade, sem que possa chegar à propriedade do Senhor quem não quiser observar o testamento da paz, nem pode estar conforme com Cristo o que não o esteja com o cristianismo. Santa intolerância católica: ou com Cristo ou com o demônio.

E já que estamos falando de paz, convêm fazer alguns esclarecimentos, citando a Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino, sobre o sonhador, covarde, injusto e ímpio pacifismo dos liberais. Os modernistas fizeram da paz puramente exterior, tantas vezes oposta à vontade de Deus, um novo fim para a Igreja. Quantas vezes escutamos isso de que a Igreja está ao serviço da paz e que nada há pior que as guerras? E a FSSPX se está desviando até esse mesmo pacifismo liberal, como o prova a tentativa de fazer um acordo traidor de paz com os demolidores da Igreja, com os destruidores da paz de Cristo.

Sem caridade não há verdadeira paz. Santo Tomás ensina que a paz implica uma dupla união: a que resulta da ordem dos desejos em um mesmo, e a que resulta da concórdia dos desejos próprios com os alheios. Tanto uma como outra união é causada pela caridade. Produz a primeira porque Deus é amado com todo o coração, de tal modo que tudo referimos a Ele, e assim todos os nossos desejos convergem no mesmo fim. Produz também a segunda enquanto amamos o próximo como a nós mesmos; por isso quer cumprir o homem a vontade do próximo como a sua (II-II c29 a3).

É bom destruir a paz fundada na má concórdia. Promover a discórdia que rompe a concórdia causada pela caridade é pecado... Mas, provocar a discórdia que destrua a má concórdia, ou seja, a que se apóia em má vontade, é louvável. Nesse sentido foi louvável a dissensão introduzida por São Paulo entre aqueles que estavam concordes no mal (Hc XXIII, 6-7), já que o Senhor disse de Si em Mt X, 34: Não vim trazer a paz, senão a espada (II-II c37 a1).

A resistência legítima não é sedição. Não se pode chamar de sediciosos aqueles que defendem o bem comum resistindo (ao poder injusto), como tampouco se chama briguento a quem se defende (a si mesmo de alguém que ataca). O regime tirânico não é justo... daí que a perturbação desse regime não tem caráter de sedição... O sedicioso é o tirano (II-II c42 a2).

Os que combatem com justiça são pacificadores. Também os que fazem guerra justa querem a paz. Por isso não estão contra ela, a (verdadeira) paz, senão contra a paz má, a que o Senhor não veio trazer à terra (Mt X, 34)... se infere a guerra para conseguir a paz. Sê, pois, pacífico combatendo, para que com a vitória aportes a utilidade da paz aos combatentes (II-II c40 a1).

Até aqui, citações de Santo Tomás.

Aspiremos a viver na paz de Cristo, anunciada hoje pelos anjos, que é a que suscita os filhos de Deus, que é causada por amor, fomenta o verdadeiro amor e produz a unidade no bem. Por isso o Apóstolo diz: Justificados, pois, pela fé, mantenhamos a paz com Deus (Rm V, 1). Nestas breves palavras que resumem todos os mandamentos, porque onde está a verdadeira paz não pode faltar nenhuma virtude. E quê é estar em paz com Deus, senão querer o que Ele manda e não querer o que Ele proíbe? Sabemos que, conforme o testemunho do Apóstolo São João, o mundo inteiro está sob o poder do Maligno (I Jo V, 19), e que os demônios trabalham com inumeráveis tentações para que o homem disposto a escalar ao céu se espante com as adversidades ou se abrande com a prosperidade; mas é mais poderoso o que está em nós, que aquele que luta contra nós não pode ganhar nenhuma batalha aos que tem paz com Deus, os que dizem sempre de todo coração ao Pai: faça-se Tua vontade (São Leão Magno).

Se nós resistimos combatendo contra o mal, atrairemos a inimizade do que é autor do pecado, mas nos asseguramos uma paz inalterável com Deus, porque se o que Ele quer o queremos nós, e se o que Ele reprova nós reprovamos, Ele livrará nós de todas as batalhas. Ele, que dá o querer, dá também o poder, e por isso diremos cheios de esperança: O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei? O Senhor é o defensor de minha vida, de quem terei medo? (Sl XXVI, 1) (São Leão Magno).


Estimados fiéis: o Natal, o dia do nascimento do Senhor, é por sua vez o dia do nascimento da verdadeira paz, pois como diz São Paulo, Ele é nossa paz (Ef II, 14). Todos nos aproximamos do Pai por meio de Cristo, quem no dia anterior a sua Paixão ensinava a seus discípulos esta doutrina: Minha paz os deixo, minha paz vos dou (Jn XIV, 27), mas a fim de que não se obscureça baixo o nome geral de paz a paz que nos havia de dar, disse: não vos dou como a do mundo (São Leão Magno). Exatamente o contrário faz o demônio através dos maus pastores que servem, sabendo ou não, a seus planos, obscurecendo a Verdade por meio de palavras ambíguas, confusas e equívocas. Não vos dou a paz como a do mundo, porque a paz dos mundanos provêm do inferno e a ele arrasta. É paz de cadáveres, ganhada mediante a remoção do grande obstáculo para a consecução da paz segundo o ideal liberal, maçônico e modernista: Cristo.
Tradução: Grupo Dom Bosco

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Sermão do III Domingo do Advento - Pe. René Trincado

Se a trombeta dá um toque ambíguo, ninguém se prepará para a batalha. (I Cor XIV, 8).


O Evangelho deste domingo, como o anterior e o seguinte, fala desse grande santo que foi João Batista. Diz: E este foi o testemunho de João quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas a perguntar-lhe: “Tu quem és?” E confessou e não negou. Confessou: “Eu não sou o Cristo”.

Confessou e não negou: confessou a verdade e não a negou. São João Batista é um modelo perfeito de santo amor à verdade para todos os cristãos e, porque tinha a missão de anunciar a Cristo, em particular para os ministros de Deus, para os que devem falar em nome de Deus. Suas palavras sempre foram frontais, claras e diretas, nunca se valeu de rodeios, nunca usou expressões complicadas ou alambicadas. Alma reta até o extremo da mais elevada santidade, as palavras de Batista não eram ambíguas nem fazia cálculos sobre o efeito de seus feitos: sensivelmente dizia a verdade nua e crua. E por isso, precisamente por isso, o mataram: por ter falado sempre como deve falar um profeta de Cristo, um homem de Deus; sempre com esse “sim sim, não não” que manda Nosso Senhor Jesus Cristo. Por haver procedido de maneira covarde, diplomática ou política; por ficar calado, por mentir ou por ter usado uma linguagem complicada ou ambígua, nunca haveria de ser degolado. Mas, São João Batista não era esta classe de homem e soube levar sua cruz para a glória de Deus.

Quê diferença, estimados fiéis, entre a fortaleza, a veracidade e a franqueza heróicas de São João Batista e a atitude do clero modernista e, também e infortunadamente, das atuais autoridades da FSSPX, cujas palavras vazias de verdade chegaram a ser algo habitual. Nos últimos dias temos sido testemunhas do triste espetáculo de dois novos escândalos nesta ordem de coisas: em um, publicamente um Superior de Distrito nega de maneira direta um ponto da doutrina católica sobre o deicídio; em outro, o Superior Geral renega de uma verdade “politicamente incorreta” sobre Francisco, que havia dito meses antes. Fez uma retratação parcial e disfarçada de esclarecimento. São João Batista, cujo coração era um incêndio de amor à verdade e de correlativo ódio ao erro, confessou e não negou a verdade. Estes depreciaram a verdade... mas, a verdade é Cristo, e – disse São Paulo – não vos enganeis: de Deus nada se burla (Gal VI, 7).

Quem és ­– perguntavam a São João Batista – para que podamos dar resposta aos que nos enviaram? Quê dizes de ti mesmo? Ele disse: “Eu sou a voz que clama no deserto: endireitai no caminho do Senhor, como disse Isaías, o profeta”.

Disse Santo Tomás de Aquino, citando a Orígenes (Catena Áurea), que o efeito desta voz que clama no deserto deve ser que as almas separadas de Deus voltem ao caminho reto que conduz a Deus, não seguindo mais a malícia dos passos retorcidos da serpente, senão que (agindo)... sem mescla alguma de mentira. Por isto diz: endireitai no caminho do Senhor.

São João Batista era a voz que ia adianta de Cristo, o reto Caminho, a Verdade e a Vida; anunciando-O e guiando os homens até Ele como as trombetas guiavam aos soldados nos combates antigos. Cada toque da trombeta indicava aos combatentes quê movimento ou manobra fazer no campo de batalha, começando pelo toque de alarme (al arma, pegar o armamento, munir-se) que era a ordem inicial. Por isso diz São Paulo (em I Cor): se a trombeta dá um toque confuso, ambíguo, ninguém se prepara para a batalha.

Os Bispos e Sacerdotes são as trombetas de Deus que, através de palavras claras, diretas e cheias de sabedoria divina, guiam aos homens para que estes militem sob a bandeira de Cristo, levem esforçadamente o estandarte da Cruz e combatam valorosamente por N. Senhor. Mas, sem os Bispos e Sacerdotes mudam a claridade de Cristo nas palavras pela obscuridade de uma linguagem deliberadamente ambígua ou falsa, se fazem a si mesmos trombetas inúteis que dão toques confusos ou enganosos, e que de nada servem nas batalhas, como não seja para desorientar, confundir e paralisar aos que devem pelejar por Cristo, causando a derrota.

Essas trombetas deliberadamente ambíguas, esses Bispos e Sacerdotes que falam como o que são: almas irresolutas, covardes e incostantes, canas dobradas por qualquer vento; se tornam traidores. São semeadores de joio. São maus pastores, mercenários. São sal desvirtuado: Vós sois o sal da terra. Mas, se o sal se desvirtua, com quê se salgará? Já não serve para nada mais que para ser atirado fora e pisoteado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode ocultar uma cidade situada no cume de um monte. Nem tampouco se acende uma lâmpada e a colocam debaixo do alqueire, senão sobre o candeeiro, para que ilumine a todos os que estão na casa. Brilhe assim vossa luz diante dos homens – por vossas palavras cheias de franqueza, de amor à verdade e de fé! – para que vejam vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus (Mt V, 13-16).

São maus pais: Quê pai há entre vós que, se seus filho lhe pede um peixe, no lugar de um peixe lhe dá uma cobra das palavras pouco retas; ou, se lhe pede um ovo, lhe dá um escorpião das expressões confusas ou ambíguas que envenenam? Ou se lhe pede pão lhe uma pedra da mentira? (Mt VII, 9; Lc XI, 12).

São autores de escândalo, porque com essa linguagem indigna dos ministros da Verdade, causam perplexidade entre as pobres ovelhas e induzem ao erro às almas dos débeis e indefesos. Deus tenha misericórdia destes homens traidores porque disse Nosso Senhor: Mas, se alguém escandalizar um destes pequenos que crêem em mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho e o lançassem no fundo do mar. Ai do mundo por causa dos escândalos! Eles são inevitáveis, mas ai do homem que os causa! (Mt XVIII, 6-7).

Que pela intercessão de São João Batista e de Maria Santíssima, Deus nos conceda perseverar na Resistência a todo erro e no verdadeiro amor à Verdade.

Tradução: Grupo Dom Bosco

Sermão do Sábado de Nossa Senhora - Pe. Faure

Visita do Pe. Faure, nosso coordenador!

Agradecemos a Deus e à Santíssima Virgem, Nossa Mãe Auxiliadora pela visita de nosso coordenador, Pe. Faure!

Pe. Faure e alguns membros do Grupo Dom Bosco 
Santa Missa na Festa da Imaculada Conceição

Santa Missa do III Domingo do Advento

Sermão do III Domingo do Advento - Pe. Faure

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Sermão da Festa de Nossa Senhora de Guadalupe (12/XII/13) - Pe. René Trincado


Um grande sinal apareceu no céu: uma Mulher, vestida de Sol, com a luz debaixo de seus pés, e com uma coroa de doze estrelas sobre sua cabeça. (Apoc. XII, 1-2)

Quem é esta que sobe qual aurora nascente, bela como a lua, brilhante com o sol, imponente como um exército em ordem de batalha? (Cant. VI, 10)

Com profundidade e erudição, nos dizia acerca do acontecimento guadalupense, fazem poucos dias, um fiel da Resistência da Cidade do México (dom Luis de Guerrero Osio), que três caravelas e uma só viagem houve no descobrimento da América, como são Três as Pessoas Divinas e um Único Deus. “Pinta la Niña Santa Maria”* é a única frase que se compõe com o nome dessas três naves, patente profecia do que o Céu havia disposto para ter lugar em Tepeyac, pouco depois, em 1531.

Cristóforo (Cristobal) Colombo é o nome do descobridor. Cristóforo significa portador de Cristo, Colombo significa palomo: profético novamente, pois esse homem fez possível que os abençoados espanhóis trouxessem o Espírito Santo para a evangelização de nossos povos indígenas. E conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres (Jn VIII, 32): a verdadeira fé devia libertar a esses povos arraigada, tremendamente amarga e duríssima escravidão do demônio, e submetê-los ao jugo suave de Cristo.

Depois de começar a ser pintada esta “Niña”, pelos pregadores, nas almas dos índios, e a quase quarenta anos da chegada de Colón naquele 12 de Outubro, o 12 de Dezembro de 1531 sucedeu o portentoso milagre que marcaria a história do México, da América, e da Igreja Católica para sempre: a “Niña” Virgem Mãe foi pintada pelo mesmo Deus ayate* de Juan Diego. A partir desse momento, as conversões dos indígenas se multiplicaram de modo totalmente extraordinário. A Mãe de Deus tomava possessão da América para seu Divino Filho.

Em 1541 escreve o missionário franciscano frei Toribio de Benavente, que a dez anos da aparição de N. Senhora de Guadalupe, já eram ao redor de nove milhões de aztecas batizados e que ele pessoalmente havia batizado uns 300.000. Graças a Nossa Senhora, a história das conversões ao cristianismo no México é a mais grandiosa e espetacular da história cristã e por isso o historiador Bernal Diaz Del Castillo, soldado e companheiro de Hernan Cortés, escreveu em seu livro “Historia Verdadera de La Conquista de La Nueva España” (1560), que o triunfo dos conquistadores se deveu à graça e ajuda da Virgem da Guadalupe.

Esta imagem de origem divina é a presença mariana mais importante na história do mundo depois da Assunção de Maria Santíssima aos Céus. A imagem de Nossa Senhora de Guadalupe é um milagre permanente. E se pode falar não de um, senão de muitos milagres que simultaneamente se dão neste ayate. A ciência, através de diversos estudos químicos, oftalmológicos, estudiosos em computação ou em outros ramos do saber, nos fala das maravilhas de seus olhos, que se comportam como se pertencessem a um corpo vivo, e da luminosidade e brilho da imagem original que parece ter sido pintada faz uma semana, ainda que não foi pintada, estritamente falando, pois os pigmentos da imagem não pertencem ao reino mineral, vegetal nem animal.

A enumeração de tudo o extraordinário que foi descoberto nessa tela seria muito grandioso para se fazer. Só destacaremos algo sobre a matéria do ayate: uma das coisas que mais chama a atenção dos estudiosos, é a milagrosa conservação do tecido da túnica de Juan Diego na que se imprimiu a imagem da Virgem. Normalmente essa classe de tela se desintegra em uns 20 anos e, sem dúvida, até agora, havendo já transcorridos 482 anos, segue sem desintegrar-se nem decompor-se, havendo ficado durante 116 anos sem proteção de cristais e exposta à fumaça de milhares de velas, havendo sido tocada por mãos de milhares de indígenas e tendo ficado sobre uma parede úmida. Ainda mais tem esta qualidade maravilhosa e inexplicável: é refrataria ao pó e à umidade e no tecido nunca aparecem insetos que possam causar danos e jamais teve fungos. E além disso, durante tantos anos, milhões de objetos piedosos tocaram diretamente a imagem sem produzir dano. Os doutores mexicanos Sodi e Palacios, depois de estudar a imagem concluíram:

“1. Cientificamente não se pode explicar a conservação do ayate de Juan Diego.
2. Cientificamente não se pode esclarecer porque não desgrudaram nem descoloriram as cores.
3. Cientificamente não se pode entender porque não foi destruído o ayate feito com fibras de maguey quando lhe caiu acido nítrico e se efetuou a reação xantoproteica.
4. Cientificamente é incompreensível porque o ayate não sofreu dano algum no atentado de dinamite de 14 de Novembro de 1921.
5. Cientificamente não se explica porque não se encontram colorante vegetais, minerais ou animais nas fibras do ayate.
6. Cientificamente não se pôde explicar porque o ayate de Juan Diego recusa os insetos e o pó suspenso no ar”.


Cientificamente nada disto se explica, porque estamos ante uma imagem feita por Deus: estamos ante o retrato que Deus pintou de sua Mãe.

Estimados fiéis: México é abençoado do Céu porque só neste país existe esta portentosa presença da Santíssima Virgem. Para compreender o sentido deste grandíssimo milagre e desta imensa misericórdia de Deus com os mexicanos, ouçamos hoje, uma vez mais, o que disse Nossa Senhora de Guadalupe a Juan Diego, e, nele, a cada um de nós:

Desejo que se me construa aqui um templo para nele mostrar e dar todo meu amor, compaixão, auxílio e defesa, a ti e a todos vós juntos os moradores desta terra e aos demais amados meus que me invoquem e em mim confiem; ouvirei seus lamentos e remediarei todas as suas misérias, penas e dores, porque eu sou vossa piedosa Mãe... Filho meu, o mais pequeno, não é nada o que te assusta e aflige. Não se perturbe teu coração e não temais esta enfermidade nem outra alguma enfermidade ou angústia. Não estou eu aqui que sou tua mãe? Não está debaixo de minha sombra? Não sou eu tua saúde? Não estás por ventura em meu regaço? Quê mais necessitas?

Que nossa Mãe a Virgem de Guadalupe, Rainha do México, Imperatriz da América, e Generala da Resistência; continue esmagando diante de nós a cabeça da serpente infernal, e nos abençoe e nos proteja sempre.

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Notas do tradutor:
* Pinta, Niña e Santa Maria: nome das três caravelas que acompanharam Colombo em sua descoberta. Juntas, as palavras formam a frase em espanhol equivalente em português à “Pinte a menina Santa Maria”;
* Ayate: vestimenta rústica indígena, feita com entrelaçamento de fibras vegetais de agave e outras plantas. Equivalente a um poncho.

Tradução: Grupo Dom Bosco 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Carta Aberta de Fiéis Argentinos ao Pe. Bouchacourt


Pe. Christian Bouchacourt:

Devido à falta de resposta a nosso email remetido ao Sr. sobre o mesmo assunto, decidimos fazer pública esta carta. Cremos que a importância do tema, assim como o interesse de muitos fiéis, que não se animam a falar por temor a represálias, o justificam.

Desde o domingo 1º de dezembro, em que saiu publicada uma entrevista sua no matutino Clarín, o escândalo, a polêmica, a crítica e a dúvida se instalaram entre os fiéis, fazendo-se eco de tais declarações suas diversos sites e blogues na Internet, favoráveis ou contrários à FSSPX, de cujo Distrito América do Sul é o Sr. responsável.

Não é surpreendente a repercussão, dada a massividade da publicação onde o Sr. falou, o diário de maior tiragem da Argentina.  Em contrapartida, surpreende a alguns, e confunde e escandaliza a muitos (a outros, lhes confirma em suas opiniões prévias) o feito de que o Sr. oficialmente não teve nada que dizer, esclarecer, confirmar ou desmentir, sobre tal entrevista. E ninguém pode escapar da gravidade do assunto que o exige.

Por isso lhe dirigimos esta carta para fazer-lhe as seguintes perguntas, concernentes neste caso ao principal tema que suscitou a atenção e o escândalo:

Disse o Sr. na entrevista que “O povo judeu não cometeu deicídio”?

Se não o disse, porque até esta data não desmentiu e iniciou a correspondente ação formal e legal contra o meio de imprensa que o deturpou? Lhe parece um tema banal e irrelevante?

Se o disse, se da conta que contraria a teologia católica de vinte séculos, o ensinamento dos Santos Padres, de Santo Tomás, coincidindo, além disso, com a declaração inovadora do Vaticano II Nostra aetate: “Ainda que as autoridades dos judeus e os seus sequazes urgiram a condenação de Cristo à morte não se pode, todavia, imputar indistintamente a todos os judeus que então viviam, nem aos judeus do nosso tempo, o que na Sua paixão se perpetrou. E embora a Igreja seja o novo Povo de Deus, nem por isso os judeus devem ser apresentados como reprovados por Deus e malditos, como se tal coisa se concluísse da Sagrada Escritura.”?

Não podemos deixar de observar o seguinte:

Se o Sr. fez estas declarações, está traindo a doutrina da Igreja, presumivelmente com intenções acomodatícias com a igreja conciliar – o que coincidiria com seus elogios a Francisco e sua condenação aos sacerdotes e fiéis que protagonizaram o episódio recente da Catedral de Buenos Aires, quando antes em uma entrevista em rádio (13 de Novembro) não o fez; curiosamente coincidente com novas declarações de Mons. Fellay onde, em parte, se contradiz de certa declaração condenatória sobre Francisco.

Acaso é possível pensar que, concedeu a entrevista para dizer as coisas que disse e desse modo acalmar uma pressão que o ameaçava, que pode ter recebido a FSSPX? Se foi assim, então pode negar-se a doutrina de Cristo para conservar o status quo da Fraternidade? Tão pouco valeria a doutrina católica? A paz e a tranqüilidade da FSSPX, sua boa imagem ante Roma e o mundo, permitem adulterar a doutrina católica? É lícita a mentira oficiosa? Então Mons. Lefebvre se equivocou ao aceitar ser “excomungado” pelos liberais de Roma?

Se o Sr. não fez estas declarações, ainda assim: realizou uma entrevista em um meio anticristão e no qual não lhes interessam a verdade; segundo: não fez correspondente esclarecimento e/ou desmentiu; e, terceiro: acusou aos sacerdotes e fiéis subordinados ao Sr. de atuar estupidamente e de maneira estéril, mas nos parece que quem principalmente agiu desta forma foi o Sr., admitindo além do mais, de maneira indireta, que os sacerdotes a seu cargo são rebeldes e/ou imprudentes, pela qual sua condenação resulta deficiente e imprudente, já que havia cometido um ato “estúpido e estéril” tal como acusa a seus subordinados. De outra parte, o Sr. antes (entrevista de Radio La Red) se manifestou de acordo com o protesto na Catedral. Com o que ficamos?

Poderá dar-se conta, Pe. Bouchacourt, que julgar correta sua decisão de conceder essa entrevista para dizer o que ali disse só pode se sustentar à luz de um possível acordo com Roma. Do contrário, deverá concluir-se que foi um grosseiro erro que dana à FSSPX, mais do que já está. Em conseqüência, o Sr. deveria dar um passo ao lado, não sem antes fazer um mea culpa pelos grandes danos causados.

Agradeceremos se responder a esta carta, para bem de todos e na Verdade a quem desejamos servir, Cristo Rei.

Deus abençoe,

Carmen R. Fernández
Flavio Mateos
Diego A. Tomas
Rodrigo Tomas
Tradução: Grupo Dom Bosco

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Quer uma educação católica para seu filho? Colégio São Bento e Santa Escolástica!



Vídeo apresentado na formatura dos alunos deste ano, do Colégio São Bento e Santa Escolástica de Nova Friburgo - RJ.

Para matrículas do ano próximo, contatar em:

irlauracampos@yahoo.com.br
ou
ir.agostinhoosb@gmail.com

Sermão da Festa da Imaculada Conceição (8/XII/13) - Pe. René Trincado


A partir de Adão e Eva, o pecado original abre em cada alma e em cada corpo humano, uma espantosa e sangrenta ferida. Ensina a Igreja que pelo pecado dos primeiros pais “foi mudado para pior o homem inteiro, ou seja, enquanto ao corpo e a alma” (Concílio II de Orange). As funestas chagas que foram deixadas em nós pelo pecado original são profundas e numerosíssimas, e todos as experimentamos cada dia de nossas enfermas vidas.

O primeiro efeito deste pecado é a privação da justiça original (...) Deste primeiro efeito se seguiu ficar o homem enfermo enquanto a todas as faculdades da alma e corpo; e em primeiro lugar enquanto ao entendimento e vontade. (...) A ignorância ainda das coisas necessárias à conservação da vida, a fatuidade e rudeza de entendimento, a dificuldade em adquirir os conhecimentos, a debilidade e instabilidade do ânimo, o continuo vagar da mente, o atender a coisas vãs (...) com preferência às úteis, importantes, e ainda necessárias, são outras tantas enfermidades de nossos entendimentos infectados do pecado original.

Não são menos (...) as dolências que por ele padece nossa vontade. O amor desordenado de nós mesmos [egoísmo], e do qual nascem preocupações inúteis; os temores, as invejas, os pleitos, rinhas, contendas, discórdias, artimanhas, guerras, e vãos temores: a dificuldade em abraçar o bom, e afastarmo-nos do mau: a inconstância com que nos fazemos a nós mesmos uma guerra interna, querendo uma coisa e logo querendo outra, a debilidade da livre vontade para o seguir o bem; são todos efeitos do pecado original, e enfermidades com a contrição de nossa vontade.

Também a parte sensitiva (...) recebeu feridas (...), sendo a principal aquela inclinação ao pecado, que nos ficou para o combate (...) e pela qual a parte inferior se rebela continuamente contra a superior, a carne contra o espírito, fazendo-nos sentir em cada momento aquela lei que dizia S. Paulo era repugnante à de sua mente, e que queria reduzi-lo ao cativeiro da lei do pecado.

Enquanto ao corpo são igualmente inumeráveis as desditas e misérias em que incorremos pelo pecado original. Por ele nos vemos sujeitos à fome, à nudez, às enfermidades, dores, tristezas e (...) à mais terrível entre as coisas terríveis, que é a morte, preço do pecado. (“Comp. Mor. Salmatic.” V. 3).

Explica Santo Tomás de Aquino que esta enfermidade terrível e múltipla que é o pecado original em nós, além do sofrimento e da sujeição à morte – as duas chagas que afetam o corpo- nos causou feridas na alma, opostas cada uma às quatro virtudes cardeais: 1- a ferida de ignorância, ou seja, a dificuldade para conhecer a verdade, contra a prudência; 2- a ferida da malícia, isto é, a debilidade de nossa vontade, oposta à justiça; 3- a ferida da debilidade, isto é, a covardia para fazer o bem e resistir ao mal, contraria à fortaleza; e 4- a ferida da concupiscência, isto é, o desejo desordenado de satisfazer aos sentidos contra os ditados da razão, oposta à temperança (Suma Teol. I-II c. 85 a. 3).

Como aquele infeliz da parábola do bom samaritano, todos os filhos de homem e mulher viemos ao mundo meio-mortos, cheios de chagas e enfermos por causa do pecado original. Todos, desde Adão e Eva e até o fim do mundo. Todos com uma só exceção: a Santíssima Virgem Maria. Nenhuma destas feridas, nenhuma destas misérias do corpo e da alma padeceu a Santíssima Virgem, porque ela nunca contraiu o pecado original.

No Evangelho da grande festa que hoje celebramos, lemos que o Arcanjo Gabriel disse à Santíssima Virgem Maria certas palavras que vamos explicar brevemente:

Ave, cheia de graça, começa dizendo o Anjo. Cheia de graça: se a graça se dá aos demais com certa medida, à escolhida desde todos os séculos para ser Mãe de Deus se lhe deu em toda sua plenitude. Está cheia de graça santificante, dos dons do Espírito Santo, de todas as virtudes. Tudo nela agrada a Deus. Sua conceição foi imaculada. Este é o dogma que festejamos. Isto significa que ela foi preservada imune de toda mancha (mácula) de culpa no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em atenção aos méritos de Cristo. Cheia de graça desde sempre e para sempre, Ela foi, é e será toda formosa, toda pura, adornada de todas as virtudes e de todos os dons divinos.

O Senhor é convosco. Deus está nela desde o primeiro momento, desde a concepção e para toda a eternidade; não como em nosso caso, pois nascemos separados de Deus e inimigos seus por causa do pecado original, e desde que chegamos ao uso da razão, muitas vezes, pelo pecado mortal, nos fazemos escravos do demônio e expulsamos Deus de nossas almas.

Bendita sois vós entre as mulheres. Porque assim como a mulher foi causa do primeiro pecado, e por ele, de todos os pecados e suas maldições até o fim do mundo; a Virgem Maria é causa de todas as graças e bênçãos que recaem sobre os homens pelos merecimentos de seu divino Filho. Nova Eva, Maria vence ao demônio que venceu a Eva. O que Eva perdeu por desobedecer, Maria o recuperou mediante a perfeita obediência de sua respostas: Eis aqui a Escrava do Senhor; faça-se em mim segundo sua Palavra (Lc. I, 38).

Estimados fiéis: todos nós nascemos manchados com o pecado original, por isso somos inclinados ao mal e –de fato- pecadores, erramos e padecemos muitas debilidades e misérias. Esta terrível e inexorável realidade deve ser sempre um motivo de humildade para nós. Por pura misericórdia, com preferência aos milhões de pessoas, fomos arrancados da escravidão do demônio mediante o santo Batismo. Por ele, de filhos de ira fomos transformados em filhos de Deus. Mas, cabe perguntarmo-nos se temos sido fiéis à graça e às promessas de nosso Batismo, à vestidura de inocência que com ele se nos deu.

A Santíssima Virgem Maria, sendo preservada de todo pecado e propensão ao mal, gozava de uma perfeita paz; sendo impecável, ainda assim vigiava e orava sem cessar. Nós, que somos pecadores, que estamos fortemente inclinados a muitos males, que vivemos rodeados de inimigos no mundo que se esqueceu de Deus e que cada dia demonstra maior ódio ao seu Criador e Salvador, vigiamos (estamos atentos) à nossa alma, aos inimigos desta e a Deus? Porque para conservar ou recobrar a pureza batismal é necessário combater sem descanso, fugindo das ocasiões de pecado, da sensualidade, da vaidade, da superficialidade, da curiosidade, das paixões descontroladas, da ignorância, etc.

Ela vigiava a orava sem cessar. Levamos diariamente o combate por nossas almas mediante a oração? Neste dia santo, tomemos a resolução irrevogável de empunhar a arma invencível do Rosário, para que pela intercessão incessante da Virgem Maria, Deus tire de nossas almas todas essas manchas ou máculas, essas imundícias que as fazem indignas da condição de templos do Espírito Santo.


E nunca esqueçamos que Maria Imaculada, apesar da distância imensa que há entre sua santidade e nossa indigência, além de ser a Mãe de Deus, é nossa Mãe. Peçamos-Lhe que nos acolha sob seu manto maternal e que nos conduza ao Céu, para o qual fomos criados e donde queremos viver eternamente com Ela na presença de Deus.
Tradução: Grupo Dom Bosco

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Faleceu hoje o Cardeal Domenico Bartolucci

Cardeal Domenico Bartolucci celebrando missa prelatícia em Roma, em 8 de dezembro de 2010, por ocasião da festa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora.
Oferecemos um trecho da tradução portuguesa de uma entrevista de Monsenhor Domenico Bartolucci, de 92 anos, nomeado por Pio XII maestro “ad vitam” da Capela Sixtina, mas afastado do cargo em 1997 devido a uma intervenção de Mons. Piero Marini. A entrevista se trata de uma iniciativa do Abbé Stefano Carusi, do site Disputationes Theologicae, do Instituto do Bom Pastor.

Maestro, a recente publicação do Motu Proprio “Summorum Pontificum” trouxe um sopro de ar fresco no desolador panorama litúrgico que nos rodeia; também o senhor pode agora, portanto, celebrar a “Missa de sempre”.
 
Mas, para dizer a verdade, eu sempre a celebrei ininterruptamente, desde a minha ordenação… Por outro lado, teria dificuldade em celebrar a Missa no rito moderno, uma vez que nunca o fiz.

Nunca abolida, então? 

São as palavras do Santo Padre, ainda que alguns finjam não entendê-las e mesmo que muitos no passado tenham sustentado o contrário.

Maestro, será necessário conceder aos difamadores da Missa antiga que ela não é “participada”…

Não digamos disparates! Conheci a participação dos tempos antigos tanto em Roma, na Basílica, como no mundo, como aqui abaixo no Mugello, nesta paróquia deste belo povo, um templo povoado de gente cheia de fé e piedade. O domingo, nas vésperas, o sacerdote poderia se limitar a entoar o “Deus in adiutorium meum intende” e logo pôr-se a dormir sobre o assento… os camponeses continuariam sozinhos e os chefes de família teriam pensado em entoar as antífonas.

Uma polêmica velada, Maestro, a respeito do atual estilo litúrgico?

Não sei se – ai de mim! – já estiveram num funeral: “aleluia”, aplausos, frases risonhas,  alguém se pergunta se essa gente leu alguma vez o Evangelho; Nosso Senhor mesmo chorou sobre Lázaro e sua morte. Aqui, com este sentimentalismo insosso, não se respeita nem sequer a dor de uma mãe. Eu lhes havia mostrado como o povo assistia a uma Missa de defuntos, com que compunção e devoção se entoava aquele magnífico e tremendo “Dies Irae”.

A reforma não foi feita por gente consciente e doutrinariamente formada?

Desculpe-me, mas a reforma foi feita por gente árida, lhes repito, árida. E eu os conheci. Quanto à doutrina, o Cardeal Ferdinando Antonelli, de venerável memória, costumava dizer com freqüência: “como fazemos liturgistas que não conhecem a teologia?”

Estamos de acordo com o senhor, Monsenhor, mas é certo também que o povo não entendia… 

Caríssimos amigos, leram alguma vez São Paulo: “não importa saber mais do que o necessário”, “é necessário amar o conhecimento ‘ad sobrietatem’”? Daqui a alguns anos se tentará entender a transubstanciação como se explica um teorema de matemática. Mas se nem sequer o sacerdote pode compreender até o fundo tal mistério!

Mas como se chegou, então, a esta distorção da liturgia? 

Foi uma moda, todos falavam, todos “renovavam”, todos pontificavam, na esteira do sentimentalismo, de reformas. E as vozes que se levantavam em defesa da Tradição bimilenar da Igreja eram habilmente caladas. Inventou-se uma espécie de “liturgia do povo”… quando escutava estas frases me vinham à mente as palavras de meu professor do seminário que dizia: “a liturgia é do clero para o povo”, ela descende de Deus e não de baixo. Devo reconhecer, contudo, que aquele ar fétido se fez menos denso. As gerações de sacerdotes jovens são, talvez, melhores que as que as precederam, não têm os furores ideológicos dominados por um modernismo iconoclasta, estão cheios de bons sentimentos, mas lhes falta formação.

O que quer dizer, Maestro, com “lhes falta formação”?

Quero dizer que queremos os seminários! Falo daquelas estruturas que a sabedoria da Igreja elegantemente cinzelou durante os séculos. Não se dá conta da importância do seminário: uma liturgia vivida, os momentos do ano são vividos “socialmente” com os irmãos… o Advento, a Quaresma, as grandes festas que seguem a Páscoa. Tudo isso educa, e não se imagina quanto! Uma retórica tonta deu a imagem de que o seminário arruína o sacerdote, de que os seminaristas, afastados do mundo, permanecem fechados em si mesmos e distantes do povo. Todas fantasias para dissipar uma riqueza formativa plurissecular e para substituí-la depois com nada.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sermão do XXV Domingo depois de Pentecostes - Pe. René Trincado

 

Semelhante é o reino dos céus a um homem que semeou boa semente no campo. E enquanto dormiam os homens, veio seu inimigo e semeou joio no meio do trigo e se foi. Disse S. João Crisóstomo que com esta parábola, N. Senhor se refere à verdade adúltera, porque é próprio do demônio misturar o erro com a verdade. Se vale o diabo de um engano –continua o santo- confundindo sua própria semente e revestindo suas obras com cores e semelhanças que surpreendem ao que se deixa enganar com facilidade. Por isso disse que semeia joio, que é muito parecido com a planta de trigo de boa semente do semeador. O joio é semeado depois do trigo. De igual modo, o erro –segue dizendo o santo- vem depois da verdade, coisa demonstrada pela experiência: depois dos profetas vieram os falsos profetas; depois dos Apóstolos os falsos apóstolos; e depois de Cristo virá o Anticristo. Nós ainda afirmamos que depois dos concílios católicos, veio o Vaticano II, anticatólico enquanto liberal e diabólico. De fato, essa foi a pior emboscada, o maior embuste, a maior e mais desastrosa semeadura de joio de toda a história da Igreja. E também dizemos isto: que depois desse Bispo resoluto, combatente e de palavras varonis, claras e inequívocas em defesa da Fé, depois de Mons. Lefebvre veio Mons. Fellay a semear o joio entre nós com seu intento de submeter-nos aos modernistas romanos e com suas atitudes erráticas e suas palavras ambíguas.


E enquanto dormiam os homens, veio seu inimigo e semeou joio no meio do trigo e se foi. Enquanto dormiam os homens: porque – disse S. Agostinho- quando os chefes da Igreja agem com negligência... vem o diabo e semeia. É precisamente o que passa na FSSPX: dorme o Superior Geral e sonha com primaveras iminentes e concórdias com os inimigos, enquanto tenta que durmam os sacerdotes e aos fiéis a fim de que não reajam contra a cabeça semeadora de joio e infeccionada de liberalismo.

E chegando os servos disseram: Senhor, não semeaste boa semente em teu campo? Pois de onde vem o joio? E lhes disse: o homem inimigo fez isto. O “homem inimigo” é o demônio e os que fazem as obras do diabo. Pois bem: a arma de que se valeu o demônio inimigo para dar o golpe feroz do Vaticano II é a ambigüidade. O Vaticano II é uma obra mestra de ambigüidade, de palavras confusas, de expressões equivocas. Não obstante, o atual Superior Geral da Fraternidade, o líder nominal dos anti-liberais, também faz uso habitual da ambigüidade.

Ambíguo é o que pode entender-se de vários modos ou admitir distintas interpretações, como quando Mons. Fellay fala, em sua Declaração Doutrinal de abril do ano passado, dos “Sacramentos legitimamente promulgados pelos papas Paulo VI e João Paulo II”. O veneno, o joio, está na frase “legitimamente promulgados”, porque esta pode entender-se de modos diversos e opostos. Os tradicionalistas devem entender que o Superior Geral afirma que esses Sacramentos foram promulgados de modo regular, isto é, com sujeição às formalidades legais correspondentes. Neste sentido uma lei de aborto pode estar legitimamente promulgada, ainda que em si seja ilegítima por injusta e criminal. Os modernistas, de sua parte, devem entender que o Superior Geral considera legítimos em si esses Sacramentos. Pois bem: este modo de falar não é católico senão é diabólico, por vir de quem se supõe que encabece a luta em defesa da Verdade católica na pior crise de fé da história. O véu da escuridão com que as expressões ambíguas cobrem a verdade, se opõe à claridade de Quem disse “Eu sou a Verdade”, “Eu sou a Luz” e “vós sois a luz do mundo”. Disse o Pe. Sardá y Salvany em sua obra “O Liberalismo é Pecado” que a linguagem confusa na boca dos Pastores “é escândalo... é induzir ao próximo ao erro com palavras ambíguas... é... semear dúvidas, desconfianças, fazer vacilar na fé às inteligências sensíveis”... “É preciso antes de tudo... evitar o equívoco, que é o que mais favorece ao erro”. “É grande professor o diabo nas artes e enganos, e o melhor de sua diplomacia se exerce em introduzir nas idéias a confusão. A metade de seu poder sobre os homens perderia o maldito se as idéias, boas ou más, aparecessem francas e contrastantes... O diabo, pois, em tempos de cisma e heresias, o primeiro que procurou foi que se embaralhassem e mudassem os vocábulos; meio seguro para fazer desde cedo tontas... a maior parte das inteligências” (idem).

Se poderiam dar muitos outros exemplos de palavras ambíguas por parte de Mons. Fellay. Sua constante semeia de joio causou grave inquietude, desconfiança, confusão e divisão entre os Sacerdotes e fiéis da FSSPX. Sem necessidade de nenhum acordo com Roma, o joio constantemente semeado pelo Superior Geral é um veneno que está matando lenta mas inexorávelmente à congregação. Em sua carta de 7 de abril de 2012 a Mons. Fellay, os outros três Bispos afirmam que se vê na Fraternidade uma diminuição na confissão da Fé. Contudo, o responsável pelo colapso da congregação teve o atrevimento de desculpar-se culpando aos que se opuseram à sua traição, disse que estes são os semeadores de joio. Em uma entrevista sobre o Capítulo Geral, em 16 de julho de 2012, teve o descaro de dizer o seguinte: “nos separamos claramente de todos os que quiseram aproveitar a situação para semear joio, opondo uns membros da Fraternidade com outros. Este espírito não é de Deus”. Suas mesmas palavras o condenam. E em um sermão de 11 de Novembro do ano passado, disse: “Vimos até em nossa querida Fraternidade, uma confusão, uma má erva, um joio, uma turbação.” Mas, na carta que 37 Sacerdotes do Distrito da França lhe dirigiram em fevereiro passado lemos: “Pode dizer, em consciência que tu e seus assistentes assumiram suas responsabilidades? Depois de tantas declarações contraditórias e nefastas, como pretendem que podem governar ainda? Quem é que prejudica à autoridade do Superior Geral, senão tu mesmo e seus Assistentes? Como pretende falar-nos de justiça depois de lhe lesionar? Quê verdade pode sair da boca do mentiroso? (Ecl. XXXIV, 4). Quem semeou joio? Quem foi subversivo usando a mentira? Quem escandalizou os sacerdotes e fiéis? Quem mutilou a Fraternidade diminuindo sua força episcopal? Quê é a caridade sem a honra e a justiça?

Estimados fiéis: o que nos une é a defesa da Verdade. Nos chamamos e somos a Resistência Católica porque combatemos contra todo inimigo da Verdade, da Verdade que é atacada não só por meio da mentira, senão também e mais eficazmente mediante a ambigüidade. A ambigüidade é a manifestação pública da fé católica em tempos de apostasia geral, como são os nossos, é uma traição gravíssima a Cristo, um pecado extremamente abominável. Se amamos realmente a Verdade, devemos rejeitar aos semeadores de joio, aos maus pastores que com palavras confusas fazem a obra do demônio, adulterando a Verdade.

Tradução: Grupo Dom Bosco