Pe. Christian Bouchacourt:
Devido à falta de resposta a
nosso email remetido ao Sr. sobre o mesmo assunto, decidimos fazer pública esta
carta. Cremos que a importância do tema, assim como o interesse de muitos fiéis, que não se animam a falar por temor a represálias, o justificam.
Desde o domingo 1º de
dezembro, em que saiu publicada uma entrevista sua no matutino Clarín, o escândalo, a polêmica, a
crítica e a dúvida se instalaram entre os fiéis, fazendo-se eco de tais
declarações suas diversos sites e blogues na Internet, favoráveis ou contrários
à FSSPX, de cujo Distrito América do Sul é o Sr. responsável.
Não é surpreendente a
repercussão, dada a massividade da publicação onde o Sr. falou, o diário de
maior tiragem da Argentina. Em
contrapartida, surpreende a alguns, e confunde e escandaliza a muitos (a
outros, lhes confirma em suas opiniões prévias) o feito de que o Sr.
oficialmente não teve nada que dizer, esclarecer, confirmar ou desmentir, sobre
tal entrevista. E ninguém pode escapar da gravidade do assunto que o exige.
Por isso lhe dirigimos esta
carta para fazer-lhe as seguintes perguntas, concernentes neste caso ao
principal tema que suscitou a atenção e o escândalo:
Disse o Sr. na entrevista
que “O povo judeu não cometeu deicídio”?
Se não o disse, porque até
esta data não desmentiu e iniciou a correspondente ação formal e legal contra o
meio de imprensa que o deturpou? Lhe parece um tema banal e irrelevante?
Se o disse, se da conta que
contraria a teologia católica de vinte séculos, o ensinamento dos Santos Padres,
de Santo Tomás, coincidindo, além disso, com a declaração inovadora do Vaticano
II Nostra aetate: “Ainda que as autoridades dos judeus e os
seus sequazes urgiram a condenação de Cristo à morte não se pode, todavia,
imputar indistintamente a todos os judeus que então viviam, nem aos judeus do
nosso tempo, o que na Sua paixão se perpetrou. E embora a Igreja seja o novo
Povo de Deus, nem por isso os judeus devem ser apresentados como reprovados por
Deus e malditos, como se tal coisa se concluísse da Sagrada Escritura.”?
Não podemos deixar de
observar o seguinte:
Se o Sr. fez estas
declarações, está traindo a doutrina da Igreja, presumivelmente com intenções acomodatícias
com a igreja conciliar – o que coincidiria com seus elogios a Francisco e sua
condenação aos sacerdotes e fiéis que protagonizaram o episódio recente da
Catedral de Buenos Aires, quando antes em uma entrevista em rádio (13 de
Novembro) não o fez; curiosamente coincidente com novas declarações de
Mons. Fellay onde, em parte, se contradiz de certa declaração condenatória sobre
Francisco.
Acaso é possível pensar que, concedeu a entrevista para dizer as coisas que disse e desse modo acalmar uma
pressão que o ameaçava, que pode ter recebido a FSSPX? Se foi assim, então pode
negar-se a doutrina de Cristo para conservar o status quo da Fraternidade? Tão pouco valeria a doutrina católica?
A paz e a tranqüilidade da FSSPX, sua boa imagem ante Roma e o mundo, permitem
adulterar a doutrina católica? É lícita a mentira oficiosa? Então Mons.
Lefebvre se equivocou ao aceitar ser “excomungado” pelos liberais de Roma?
Se o Sr. não fez estas
declarações, ainda assim: realizou uma entrevista em um meio anticristão e no qual não lhes interessam a verdade; segundo: não fez correspondente esclarecimento
e/ou desmentiu; e, terceiro: acusou aos sacerdotes e fiéis subordinados ao Sr.
de atuar estupidamente e de maneira estéril, mas nos parece que quem principalmente agiu desta forma foi o Sr., admitindo além do mais, de
maneira indireta, que os sacerdotes a seu cargo são rebeldes e/ou imprudentes,
pela qual sua condenação resulta deficiente e imprudente, já que havia
cometido um ato “estúpido e estéril” tal como acusa a seus subordinados. De
outra parte, o Sr. antes (entrevista de Radio La Red) se manifestou de acordo
com o protesto na Catedral. Com o que ficamos?
Poderá dar-se conta, Pe.
Bouchacourt, que julgar correta sua decisão de conceder essa entrevista para
dizer o que ali disse só pode se sustentar à luz de um possível acordo com Roma.
Do contrário, deverá concluir-se que foi um grosseiro erro que dana à FSSPX,
mais do que já está. Em conseqüência, o Sr. deveria dar um passo ao lado, não
sem antes fazer um mea culpa pelos
grandes danos causados.
Agradeceremos se responder a
esta carta, para bem de todos e na Verdade a quem desejamos servir, Cristo Rei.
Deus abençoe,
Carmen R. Fernández
Flavio Mateos
Diego A. Tomas
Rodrigo Tomas
Tradução: Grupo Dom Bosco
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